segunda-feira, 9 de março de 2009

O leitor - crítica técnica



A primeira seqüência de cenas se passa dentro da casa do personagem no tempo atual do filme. Nessa primeira seqüência de cenas, o dinamismo é alcançado por meio dos cortes, uma vez que toda a seqüencia não tem muita movimentação ou troca de cenários. Nesse primeiro instante, parecem cortes feitos no momento da gravação, e não cortes feitos posteriormente no processo de montagem do filme. Quanto aos planos utilizados, por se tratar de um diálogo, percebe-se o uso mais freqüente do plano intermediário entre os atores em questão, focando-os, porém sem tirar grande parte do cenário. Quanto à angulação, não se percebe grande variação nessa primeira seqüência, quase toda a seqüência apresenta angulação normal. O ponto de vista pareceu alternar entre a câmera subjetiva (mostrando a visão que um tinha do outro durante o diálogo) e a câmera objetiva (exercendo o papel de um olhar “de fora” da cena).

Nesta primeira seqüência de cenas, a noção de tempo é introduzida através da legenda com o ano em que a cena transcorre. O mesmo recurso de legendas para indicar o tempo é usado em outros momentos da história, mas não é o único recurso utilizado, muitas vezes o filme não usa artifício nenhum para indicar transposição de tempo e espaço, ficando a cargo do espectador entender tais mecanismos. Aliás, a quantidade de recursos para indicar transposição temporal é uma das coisas que mais chama a atenção no filme.

Na segunda seqüência de cenas já há um corte temporal e a história passa-se na juventude do personagem apresentado inicialmente. Utiliza-se o recurso de Flash Back para fazer a transposição temporal.

Depois de iniciada essa segunda fase da narrativa, que é propriamente o desenvolvimento da história, não há cortes temporais significativos durante um bom tempo. As mudanças nas imagens também não são muitas quando comparadas ao estilo apresentado ainda na primeira etapa. A câmera continua no seu ritual de filmar sobre o ponto de vista objetivo (com exceção da cena que o personagem está no trem que a câmera assume um olhar subjetivo na cena). O ângulo dela também não se altera muito, quase sempre se posiciona como ângulo normal, com poucas exceções (como o momento que Michael dialoga com Hanna à beira do banheiro).

O plano mais utilizado ainda é o intermediário, embora se utilize bastante o plano fechado quando diálogo é mais “sério” entre os dois personagens, mais “denso”, por assim dizer. Geralmente o forte dessas cenas são mesmo os diálogos, se passam em ambientes fechados e por isso justifica-se o uso de planos mais fechados, uma vez que toda a tensão da cena está sobre os personagens e não no cenário.

No meio da narrativa, os cortes temporais chamam a atenção, pois há uma mudança, se no início eles eram feitos com legendas, agora , uma cena pode transcorrer no passado e usar-se de um objeto para ir para o tempo futuro. Como acontece quando Michael está no passado folheando um caderno perto de uma cachoeira enquanto Hanna tomava banho, logo depois o mesmo caderno aparece na mão do ator que interpreta Michael já na meia idade, num tempo diferente.

Depois dessa seqüência de cena que mostra o personagem principal já formado e exercendo a profissão de advogado, há outro corte temporal sinalizado por legenda e o mesmo aparece na universidade assistindo aulas de direito no julgamento da mulher que ele conheceu anos antes.

Da mesma maneira o plano mais utilizado ainda é o intermediário, com ângulo normal, não há muita alteração nisso.

Os movimentos de câmera durante o filme se alternam bastante, logo no início, na mesa de jantar ou na cena em que Hanna e Michael está na cama e ela o pede para ler, a câmera parece executar um movimento de travelling.

[Marcos Vinicius]

Um comentário:

  1. boa observação dos cortes e de aspectos técnicos em geral. procure agora articular com uma estrutura mais crítica.

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