domingo, 8 de março de 2009

O Lutador

O Oscar desse ano não poderia ser mais previsível. A vitória do mais que favorito Quem quer ser um milionário, já era farejada de antemão. Assim como prêmios de Melhor Atriz e Melhor Ator Coadjuvante. Foi apenas mais uma noite sem grandes surpresas. Ainda assim, um prêmio apertou o coração dos cinéfilos. Afinal tínhamos Sean Penn e Mickey Rourke, ambos excelentes em seus respectivos papéis, disputando a estatueta de Melhor Ator. Talvez tenha sido o único prêmio que, se não chegou a constituir uma surpresa, pelo menos fez com que muitos palpiteiros errassem ao apostar todas as suas fichas em Rourke, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator.


É difícil decidir quem esteve melhor. Mas Rourke tinha um atrativo a mais. O fato de ser um astro decadente retornando em alto estilo (tal qual o seu personagem no filme). Mas Rourke acabou perdendo para um igualmente brilhante Sean Penn.

Ainda assim, Rourke pode ser considerado um astro renascido. Afinal não é o prêmio que vai fazê-lo vitorioso e sim a atuação em si e seu grande talento como ator. E podemos dizer que Rourke nunca esteve melhor.


O novo filme de Darren Aronofsky não é, apesar de num primeiro momento parecer, um filme de ator. Embora o filme brilhe, sobretudo, graças ao seu protagonista. Na verdade, fica difícil imaginar outro que não seja Rourke assumindo o papel do lutador. Tanto pelas características físicas e pelo carisma quanto pela sua história de vida. O ator também teve seus momentos de glória e de fracasso e durante um tempo se aventurou pelo universo das lutas. Logo, O Lutador encontra na figura de Rourke o seu intérprete perfeito.


Um mito aclamado em cima dos ringues, e um homem fracassado fora deles. Ao sofrer um infarto após uma violenta luta, Randy “The Ram” Robinson não tem outra escolha a não ser se aposentar e dar um rumo para sua frustrada vida pessoal.


Randy vê-se, então, na difícil tarefa de se reconciliar com a filha que há muito deixou para trás, tentar a sorte no amor com uma velha conhecida que trabalha como stripper e recorrer a uma profissão “normal”. Mas ele acaba constatando que a vida pessoal não é o seu forte. Afinal como o sujeito Randy ele sempre falhou e continua falhando, como lutador The Ram ele é cercado de glórias, encontrando em seus fãs o carinho que ele não encontra na sua vida pessoal mal resolvida.


Ver os dois lados desse homem é o que mais enobrece o filme. Ao tentar a reaproximação com a filha, vemos nele a fragilidade e suscetibilidade, características essas que nunca lhe são inerentes quando ovacionado nos ringues após memoráveis vitórias.



O roteiro de Robert D. Siegel não foge completamente do convencional e das obviedades. Mas só por se distanciar do Happy Ending e da tão mal fadada redenção que acaba afundando boas premissas em tantos filmes por aí, O Lutador já é digno de ser considerado um dos melhores filmes do ano.


A câmera de mão, trêmula e nervosa em vários momentos, quase nos remete a um filme caseiro. Na maior parte do tempo, a câmera está nas costas da personagem nos apresentando belos planos seqüência, o que é uma referência às transmissões esportivas, onde as câmeras seguem os lutadores até o ringue, um recurso estilístico mais do que apropriado. O filme é pontuado por belos momentos. A sua entrada no balcão de frios no supermercado o remete aos bons tempos em que ele entrava no ringue, ele chega até a ouvir os gritos de incentivo e emoção da platéia em sua imaginação. O último plano também é um exemplo de grande momento em O Lutador.


Passagens que chegam a ser quase melodramáticas não afetam ou comprometem a narrativa. Como os momentos em que ele quase chega a reconquistar sua filha, o que não desmerece em nada o filme de Aronofsky, aliás, interessante ver Aronofsky se distanciando um pouco de suas "viagens experimentais" e se aventurando numa narrativa mais convencional.


Grande roteiro, bela trilha sonora, ótimas atuações e movimentos de câmera bem sacados. Em suma, um grande filme. Mas não há como negar que o espetáculo é de Rourke. Seu Randy "The Ram"entra para galeria dos grandes personagens do cinema graças à escolha mais que acertada de seu intérprete.


Por Andrizy Bento

4 comentários:

  1. Nossa...por isso que eu gosto de você. Demais teu texto, palavras de uma verdadeira critica hein!
    Ei...vc viu no Omelete? Rourke no Rambo V...é um boato soh...mas ele tinha voltado tão bem em "O Lutador"...
    vc aposta nele em Rambo V?

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  2. Ah! Sou eu...a Fer Serpa comentando...hahaha

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  3. sem dúvida a escolha do ator fez toda a diferença nesse filme.. se não fosse o Rourke talvez "The Ram" não fosse o sucesso que é...
    Hmm.. seria interessante ele no papel de Rambo...

    [Carol Prado]

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  4. acho q ele vai fazer o filme, mas o rambo é o velho sly. velho no sentido carinhoso, como se falaria do pacino...
    do texto - poderia ser menos longo e evitar mais os adjetivos. a informação é bem tratada, de qq forma.

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