cores berrantes e mulheres deseperadas...
Talvez, num primeiro momento, pareça um tanto transgressor começar um post num blog utilizado para fins acadêmicos dizendo que o cineasta Pedro Almodóvar é um mestre na arte de orquestrar boas cenas de sexo, mas o que é a obra de Almodóvar, senão transgressora?
É fato que a maioria dos filmes do diretor espanhol apresentam um erotismo e sensualidade inegáveis. Na verdade, esta é uma das características mais acentuadas na obra de Almodóvar: As discussões profundas e controversas acerca da sexualidade. Outra de suas características marcantes é o uso das cores. Nenhuma delas está ali por acaso. Sendo a paixão e a violência temas recorrentes na obra do diretor, faz todo o sentido que o vermelho seja a cor predominante, a que se sobrepõe.
Personagens excêntricos, cenários kitsch, cores extravagantes, figurinos berrantes. São os elementos que compõem os dramalhões de Almodóvar. Mas nada disso torna o visual grotesco. Muito pelo contrário, o senso estético de Almodóvar permite que a atmosfera de seus filmes seja plausível e quase palpável, delineia o cenário perfeito para o afloramento das emoções exacerbadas.
Centrados sempre no cotidiano, nas situações e relacionamentos aparentemente simples que evoluem para casos tensos, escândalos que levam ou quase levam seus personagens à loucura. Os dramas de Almodóvar chegam a níveis absurdos, porém, um de seus maiores trunfos está no fato de tornar o absurdo, palatável.
Almodóvar oscila entre o racional e o instintivo do homem, entre o corpo e a mente, entre o sentimento e a razão. E mergulha no universo de incoerências e contradições que é o próprio indivíduo.
O cenário histórico e político da Espanha é outro dos elementos recorrentes nas obras do cineasta, sem nunca, contudo, constituir o destaque principal de suas tramas. O diretor prefere apostar nos relacionamentos humanos e nos dramas pessoais, na maioria das vezes tendo mulheres como foco. O cineasta costuma dizer que “Os homens também choram, mas penso que as mulheres choram melhor”. As mulheres de Almodóvar ganham destaque em obras como Tudo Sobre Minha Mãe, Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos, Volver e Kika.
Nascido em Calzada de Calatrava, na Espanha em 1951, aos oito anos Pedro Almodóvar mudou-se com sua família para a cidade de Extremadura, onde freqüentou colégios de Franciscanos e Salesianos. E foi nessa época que o cinema entrou em sua vida. Almodóvar costumava ir a Caceres para ver os filmes. Mas é aos 16 anos, que a paixão pelo cinema se transforma
Como tinha suas tardes livres entrou para o grupo de teatro independente “Los Gollardos”, aproveitava também para escrever para revistas alternativas – algumas de suas pequenas estórias foram publicadas –, e fazer os filmes em Super-8 com seus amigos. Almodóvar ainda fazia parte de um grupo de punk-rock chamado “Almodóvar e McNamara”, no qual cantava travestido. Também foi cartunista.
Mas, foi em 1980 que a Espanha o conheceu. Era a estréia de seu primeiro longa: Pepi, Lucy, Bom y Otras Chicas Del Montón. A partir de então, filmar se tornou a sua grande paixão e Almodóvar se tornou um grande diretor e roteirista, um grande cineasta para o mundo.
Vale à pena conferir a obra desse cineasta cujo maior trunfo está na maneira sutil e ao mesmo tempo densa com que conduz e “pinta” a sua história na tela, criando obras poderosas e contundentes.
» Los Abrazos Rotos (2009)
»Volver (2006)
» Má Educação (2004)
» Fale com Ela (2002)
» Tudo Sobre Minha Mãe (1999)
» Carne Trêmula (1997)
» Flor do meu Segredo, A (1995)
» Kika (1993)
» De Salto Alto (1991)
» Ata-me! (1990)
» Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos (1988)
» Lei do Desejo, A (1987)
» Matador (1986)
» Que Fiz Eu Para Merecer Isto? (1984)
» Maus Hábitos (1983)
» Labirinto de Paixões (1982)
» Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón (1980)
gostei do quadro com os cartazes. qual a fonte? ou vcs montaram?
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